Na última segunda-feira, 11, foi realizado o 2º Seminário Tocantinense sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde, na sede da OAB em Palmas. O evento foi promovido pela Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática, composta por 15 entidades de movimentos sociais do estado, com o apoio de organizações como o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest-TO) e a Gerência de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (Ses/TO). O seminário teve como objetivo debater os efeitos do uso de agrotóxicos na saúde humana, no meio ambiente e na agricultura, além de reforçar a Campanha Estadual Contra os Agrotóxicos e pela Vida.
O evento contou com a participação de representantes de movimentos sociais e comunidades tradicionais, do Ministério Público do Trabalho, Ministério da Saúde, Ordem dos Advogados do Tocantins (OAB-TO), Agência de Defesa Agropecuária (ADAPEC-TO) e do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e Meio Ambiente do Trabalho (DIESAT). Durante o seminário, foi discutido o impacto dos agrotóxicos na saúde dos povos do campo, das florestas, das águas e das cidades. A reflexão central foi: “Em que meio ou em que condições vivem as populações do campo, das florestas, das águas e os povos indígenas do Tocantins?”

Antônio Marcos, coordenador de Advocacy da Coalizão e membro do MST Tocantins, enfatizou a urgência do debate sobre o uso de agrotóxicos, especialmente nas monoculturas de soja, algodão e outras culturas do agronegócio. “Reunimos aqui povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares, estudantes, pesquisadores e professores para discutir os impactos dos agrotóxicos no Tocantins e no Brasil, buscando alternativas para enfrentar os danos causados por essa prática, especialmente pela pulverização aérea, que prejudica tanto a saúde da população rural quanto urbana e degrada o meio ambiente”, afirmou.
Ana Lucia, assentada e liderança do MST na região de Caseara (TO), ressaltou a importância de eventos que fortalecem as lutas sociais. “Sou da direção estadual do MST Tocantins e vejo a relevância de fortalecer as lutas, mostrando que é possível avançar. Esse é um grande desafio, especialmente para nós, mulheres, que estamos na linha de frente e enfrentamos impactos maiores, seja na saúde, nas batalhas diárias ou até mesmo na nossa gestação. Este evento traz perspectivas de soluções para reduzir o uso de agrotóxicos, que afetam nossas vidas cotidianamente”, disse.
Ela também falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos assentados que produzem alimentos: “Nós, que colocamos comida na mesa do povo brasileiro, estamos passando por situações cada vez mais difíceis. A cada dia, fica mais desafiador alimentar não só os brasileiros, mas também a nossa própria família. Se não encontrarmos soluções para esses problemas, nossa produção, nosso modo de vida e nossa saúde continuarão sendo severamente impactados.”

Programação e Destaques
O Seminário contou com a palestra “A Vigilância de Populações Expostas aos Agrotóxicos no Tocantins: Limites e Desafios”, ministrada pelo Dr. Valcler Rangel e com a participação de especialistas como Silene Miranda (VESPEA), Denise Piccirillo (Ministério da Saúde) e Carlos César Barbosa Lima (ADAPEC). À tarde, foi realizada a mesa-redonda “Vozes dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas”, que reuniu diversas lideranças de movimentos sociais. A programação do evento ressaltou a necessidade urgente de políticas públicas para reduzir os impactos dos agrotóxicos e promover a saúde e a sustentabilidade nas comunidades afetadas.
Encerramento
O momento encerrou-se com encaminhamentos, entre eles a leitura da carta do evento, a reativação da Campanha Nacional Contra os Agrotóxicos e pela Vida e do Fórum Tocantinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos.
Confira o documento na íntegra:
Coalizão Vozes do Tocantins
A Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática iniciou sua articulação com seis organizações e atualmente já é composta por 15, sendo oito de base comunitária, representativas de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais; quatro não governamentais de assessoria; dois movimentos sociais e uma universidade.
Sendo elas: Cooperativa Cooperativa de Trabalho, Prestação de Serviços, Assistência Técnica e Extensão Rural (Coopter); Centro de Trabalho Indigenista (CTI); Associação Quilombola Kalunga do Mimoso Tocantins (AKMT); Associação Indígena Pyka Mex – Povo Apinajé; Associação Central Cultural Kajre – Povo Krahô; Colônia de Pescadores e Pescadoras de Araguacema; Cooperativa da Agricultura Familiar do Bico do Papagaio (COAF Bico); Associação Wyty Catè – povos Timbira; Associação de Mulheres Agroextrativistas do Cantão (AMA); Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros – Jalapão (ACAPPM); Universidade Federal do Tocantins (UFT); Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST); Movimento Estadual dos Direitos Humanos (MEDH), Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e Associação Onça D´Água de apoio à Gestão e ao Manejo das Unidades de Conservação do Tocantins.
Vozes pela Ação Climática
Financiada pela Fundación Avina, a Coalizão Vozes do Tocantins faz parte do programa Vozes pela Ação Climática (VAC), iniciativa internacional que visa unir e apoiar coalizões da sociedade civil para uma agenda de transição climática justa e inovadora, com foco na resiliência, em especial nas mulheres e jovens.